quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Oração ao Vento, ao Tempo e a Água

Vem vento, seja bem vindo. Agora que tu já reviraste as folhas de meu jardim me ajude a renovar este cenário. Não cesses ainda, renova também o ar que respiro. É certo que meus pulmões acostumaram-se a este ar pesado, mas tenho certeza que em breve ele se acostumará com o oxigênio e o cheiro de flor das estações mais quentes.
Vento, agora que já renovastes meu jardim e o ar que me chega ao peito aproveita para secar estas lágrimas que teimam me escorregar pela face. É que eu ainda não perdi o desconsolo do choro da infância e vez por outra preciso que me enxuguem as lágrimas.
Tempo, me estenda a sua mão. Sei que tu és capaz de edificar e destruir, sei que és capaz de transformar passagens nebulosas em lembranças ternas. Por isso te peço que assim como o vento passes um pouco mais depressa.
Água, tu que apesar de fluida não perdes a resistência ensina-me a educar sentimentos para que eles também sejam fluidos. Ensine-os a mudar de estado só através dos ciclos eles poderão ser completos. Conhecendo a menor densidade e dureza do gelo, a força do que está líquido e é capaz de transportar grandes rochas transformando-os em pequenos seixos que como um tapete forram o leito dos rios. E por fim, ensina-me que os sentimentos assim como o vapor podem se expandir, ocupar maiores espaços e depois, num ato de generosidade, se condensar para chover os saciar os sedentos.

P.S.: Dona Vida é meio louca e por vezes coloca estranhos em nosso caminho para nos dizer exatamente o que precisamos ouvir. A manhã de hoje é um desses momentos para ficarem guardados na memória como uma resposta direta de Dona Vida.
Um estranho chamado marcos, uma preta a escrever uma oração sob a sombra de uma árvore e as frases sobre as belezas que ela um dia quis ouvir.
Um anjo, um mensageiro de dona vida ou simplesmente mais um cacheiro viajante. =)



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